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A empresa familiar fundada em 1964 pelo casal Arnold e Anneliese Schmied na Áustria nasceu do princípio de tratar os óculos como acessórios de moda e marcou época com o desenvolvimento de matérias-primas patenteadas e tecnologia inovadora para criar as primeiras peças de titânio de estilo flutuante da história dos óculos.
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Famílias unidas pela óptica
Arnold Schmied nasceu em 1925, na antiga Tchecoslováquia, na cidade de Ryzoviste, hoje República Checa. Com quatro irmãos, estudou na academia militar e aprendeu por conta própria a produzir óculos e consertar equipamentos ópticos. Exilado durante a Segunda Guerra Mundial, fixou-se na cidade austríaca de Traun após o fim do confronto.
Em 1948, começou a trabalhar na recém-fundada empresa de Wilhelm Anger, que vendia equipamentos de solda para fábricas até perceber a necessidade de óculos de proteção para soldadores – depois de revender 30 unidades trazidas de Viena, recebeu uma encomenda de 40 mil pares. Em 1956, Anger fundou a Carrera (atualmente uma das principais marcas do portfólio da Safilo) e, anos depois, patenteou a matéria-prima Optyl.

Schmied, porém, decidiu seguir uma carreira solo – ou melhor, acompanhado, já que se casou com a irmã de Anger, Anneliese, antes de fundar a própria empresa de fabricação de óculos em 1964, na cidade austríaca de Linz, batizada de “Silhouette”. O casal tinha um ideal que era novidade para a época: produzir óculos de forma que fossem mais que objetos para enxergar melhor, mas acessórios desejáveis, que aperfeiçoassem a visão também a aparência, com estilo e individualidade. Logo no primeiro ano, a primeira coleção, feita quase toda à mão por cinco funcionários, com criações assinadas pela designer Dora Demmel, começou a sair da fábrica em Linz rumo a países como Alemanha, Bélgica, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Noruega e Suíça.

“Queremos fazer dos óculos mais do que uma necessidade visual. O objetivo é torná-los acessórios para fazer as pessoas enxergarem bem e sentirem-se melhor”.
Arnold e Anneliese Schmied, 1964
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Anos decisivos
A década de 70 foi marcada por momentos importantes na história da Silhouette, a começar pela expansão internacional com a entrada nos mercados da América do Norte, incluindo os Estados Unidos, e no sudeste asiático.
Em 1972, a empresa lançou o Silhouette Journal, que é até hoje um dos principais canais de comunicação da marca, apresentando novidades e perfis de personalidades envolvidas com a Silhouette, como a atriz e cantora Carla Bruni e o supermodelo alemão Marcus Schenkenberg, em anos recentes. Nas primeiras edições, teve capas ilustradas por ninguém menos que o italiano René Gruau, artista que definiu o desenho de moda no século 20.


Na mesma década, Dora Demmel criou, em 1974, o modelo Futura, que viria a realizar o que o casal Schmied havia idealizado dez anos antes. Exuberante e futurista, o solar foi incansavelmente retratado em editoriais de moda e tornou-se célebre no rosto do ídolo pop britânico Elton John e da atriz holandesa Sylvia Kristel. Emblemático, chegou a ser fabricado em versões minúsculas para uma exposição da boneca Barbie, em 1994, intitulada Art, design and Barbie. No mesmo período, outros modelos foram criados para desfiles de marcas internacionais.

No final da década, mais um passo fundamental – Arnold e Klaus Schmied, dois dos quatro filhos dos fundadores da empresa, começaram a participar dos negócios, trazendo novas ideias para a companhia.

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Matéria-prima exclusiva
Nos anos 80, a empresa deu início a processos de moldagem por injeção de termoplásticos. Depois de vários testes, em 1984, lançou oficialmente o SPX – sigla cujas iniciais significam “Silhouette”, “poliamida” e “X”, letra que remete ao ingrediente secreto da composição.

Inovador e hipoalergênico, é quatro vezes mais flexível e duas vezes mais resistente que o acetato comum. Formado a partir da moldagem por injeção em vez da moagem convencional do acetato, o SPX tem ajuste mais fácil. Além disso, por conta de sua transparência, pode ganhar tonalidades facilmente com a aplicação de pigmentos em pó, das sutis as mais brilhantes. Permite também diferentes acabamentos e revestimentos. A cada ano, cerca de 5 mil quilos de matéria-prima são processados e cada modelo pode conter mais de oito composições diferentes de SPX.
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Óculos quase invisíveis
Em 1983, a Silhouette desenvolveu a primeira linha de armações de três peças, com o nome “Freeline”. Foi o início de uma nova fase na companhia, que, na década seguinte, obteve enorme sucesso no desenvolvimento de armações extremamente leves, sem aro e de hastes finas, que também se tornaram conhecidas como “flutuantes”.
A engenharia avançada de montagem e o uso do titânio, metal leve e maleável, criaram uma estética que se tornou sinônimo do nome Silhouette. Em 1992, a empresa voltou a se posicionar na dianteira da indústria óptica internacional com o lançamento da primeira linha de óculos flutuantes de titânio high-tech do mercado. Além do design premiado, o modelo exigiu a implementação de técnicas de banhos, revestimento e tingimento profundo, resultando em acabamento impecável e estilo.

Sete anos mais tarde, a evolução dessa tecnologia levou ao lançamento da Titan Minimal Art, ou “TMA”, obra-prima de leveza em três peças com apenas 1,8 grama, sem parafusos e sem charneira. O modelo vendeu mais de 9 milhões de peças no mundo e chegou a ser escolhido pela agência espacial norte-americana, a Nasa, no ano seguinte, para ser o modelo de armação padrão para seus astronautas. Desde então, os óculos TMA já foram usados em mais de 30 missões no espaço.
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No rosto de celebridades
Além do aval da Nasa e da Filarmônica de Viena, que também associa a imagem de seus integrantes à Silhouette, a marca tem mais alguns admiradores ilustres como a rainha Elizabeth 2ª, da Inglaterra, que usa suas armações desde os anos 80 – na ocasião do Jubileu de 60 anos de seu reinado, em 2012, apareceu de óculos na cerimônia.

Em 2013, dois nomes estrelados foram escalados para a campanha da Titan Minimal Art – os astros Cate Blanchett e Patrick Dempsey. Esse último, mais conhecido por aqui como um dos protagonistas da série Grey’s Anatomy, chegou a declarar ter se tornado fã da marca, dizendo que “design bom deve ser simples e funcional”. Em 2014, foi a vez da it girl e modelo britânica Tali Lennox, filha da cantora Annie Lennox, ser rosto de campanha da Silhouette – dessa vez, com um revival do modelo Futura, quatro décadas após seu lançamento e, principalmente, como comemoração do cinquentenário da companhia.


Outros nomes famosos a usarem a marca são Tom Cruise, Helena Christensen, Nadja Auermann e Lady Gaga. No universo da ficção, quem tem Silhouette como marca registrada é o personagem Horatio Caine, da série CSI: Miami, sempre com o solar Titan Minimal Art 8568.

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A marca em números
O patriarca Arnold Schmied passou a liderança da empresa para os filhos em 1997 e continuou acompanhando os negócios até sua morte, em 2014. A empresa é uma das poucas que ainda produzem na Europa, com mais de 1,6 mil funcionários em 13 subsidiárias e distribuição em 150 países, com sede no mesmo local de sua fundação, a cidade de Linz. Além disso, colecionou nesses anos importantes prêmios do design mundial – total que, atualmente, já passa de 60.

O faturamento de 2017 ficou em € 170 milhões, com produção de cerca de 3 milhões de peças por ano, 95% destinadas à exportação. Além de sua marca própria, desde 1991 a Silhouette detém a licença para o desenvolvimento e produção da linha de óculos para performance esportiva da Adidas, que será encerrada este ano. E, em 2016, a indústria austríaca adicionou uma nova marca própria a seu portfólio: a neubau, batizada em homenagem a um bairro descolado de Viena, mais focada em design e com um DNA de sustentabilidade.
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Titan Minimal Art – ou TMA, para os íntimos
O produto mais emblemático do portfólio da Silhouette vem ganhando força graças a ações de marketing e a parcerias com nomes proeminentes da moda, o que ajuda a manter as peças finas e leves de titânio com status de objetos de desejo.

Além de oferecer modelos sob medida para nomes convidados, no projeto Bespoke (do inglês, “sob medida”) e da linha comemorativa Pulse, com novos modelos para celebrar, em 2009, os dez anos da coleção, a Silhouette também realizou parcerias com os estilistas Felder Felder, Wes Gordon, Arthur Arbesser e Perret Schaad para collabs criativas com versões solares do TMA.

A primeira foi em 2014 com as irmãs gêmeas alemãs Annette e Daniela Felder, que comandam uma das marcas mais badaladas do circuito fashion londrino, usada por celebridades do universo pop como Rihanna e Florence Welch. Para seu desfile de estreia na London Fashion Week, as estilistas criaram um modelo que descreveram como “estilo Audrey Hepburn John Lennon” em referência ao formato gatinho com lentes arredondadas, em variedade de cores.

Já o estilista nova-iorquino Wes Gordon desenvolveu em 2015 uma coleção de solares de linhas arredondadas em cores sofisticadas e modernas, apresentadas na passarela da New York Fashion Week antes de chegar às ópticas.

Em 2016, foi a vez do criador austríaco Arthur Arbesser, considerado um dos mais promissores jovens estilistas da semana de moda de Milão, cujo estilo se define por uma nova perspectiva do minimalismo contemporâneo. Formado na prestigiada Central St. Martins, em Londres, Arbesser teve sete anos de experiência na casa Armani até fundar sua marca própria. Para a collab com a Silhouette – composta por um modelo em quatro composições de cores contrastantes, nas quais uma lente é encaixada dentro de outra em forma de aro –, inspirou-se no estilo de vida do escritor norte-americano Arthur Miller no período em que viveu com a estrela Marilyn Monroe.

Em 2018, entrou em cena a Perret Schaad, marca baseada em Berlim assinada pela franco-alemã Johanna Perret e a vietnamita Tutia Schaad que tem como características a combinação inusitada de cores, os materiais originais e o trabalho com proporções. Sua moda tem como público-alvo mulheres fortes e modernas. A collab, que teve a geometria como inspiração principal, foi lançada na passarela da dupla durante a Berlin Fashion Week, em janeiro daquele ano. A dupla partiu de um hexágono para criar o modelo solar que ganhou quatro combinações de cores de aros e lentes. Cada ângulo foi gradualmente polido e preenchido até gerar o equilíbrio entre espaços sólidos e vazios.
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Pronúncia
O nome da marca austríaca tem pronúncia praticamente universal: “si-LUÉ-te”.
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Ícones
- Solares vintage de ar futurista, como o célebre Futura
- Materiais patenteados de alta tecnologia, como SPX e titânio
- Óculos flutuantes sem parafusos e super leves
- Parcerias com estilistas e celebridades para a linha Titan Minimal Art
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Mondo by Lady é uma derivação digital dos conceitos Mondo Fashion e Mondo Marca que Andrea Tavares desenvolveu em eras impressas. Traduzindo o universo das marcas, Mondo Fashion se referia aos textos sobre as grifes de moda e Mondo Marca, às marcas de outros gêneros, ambas sempre relatando em detalhes a origem, os pontos altos, os ícones, as curiosidades e as suas coleções de óculos.
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