A primeira vez em que ouvi falar de Anthony Bourdain foi em 2000, quando ele lançou seu primeiro livro, o Kitchen Confidential. Eu ainda lia a Veja e gostei da resenha, imaginei que o livro podia ser divertido e, mentalmente, elenquei-o para leitura no futuro. Mas a avalanche de informações já era grande e a leitura do livro em que o já famoso chef revelava os bastidores nem tão glamourosos do universo gourmet acabou caindo no esquecimento.

Anos mais tarde, zapeando pelos canais a cabo, assisti, pela primeira vez, um episódio do Sem Reservas, que, coincidentemente, se passava em Roma, e me apaixonei no primeiro minuto pelo seu jeitão tão especial e seu ar rock’n’roll. Em suas andanças pela Cidade Eterna, mostrou, como sempre, geniais achados gastronômicos, mas também reservou alguns momentos para mostrar sua visita a uma óptica em busca de novos modelos Persol, revelando-se um adorador da clássica e icônica marca da flecha de prata. Aí, confesso, Bourdain me conquistou para sempre.

Desde então, tornei-me espectadora fiel de seus programas e sua seguidora nas redes. Amava o jeito com que conduzia seus programas e interagia com as diferentes culturas. O tal livro, que despertou minha atenção para o chef, chegou em versão física há alguns meses aqui em casa e repousa na minha lista de próximas leituras. Aliás, só para ele e para o amado Dalai Lama abri a exceção de comprar livros físicos – desde o advento do iPad, tenho me dedicado à leitura digitalmente, feliz por não acumular mais “volumes”.

Hoje, fiquei triste com sua partida. Entre as tantas homenagens, esbarrei com um de seus pensamentos que tem tudo a ver com algo que procuro praticar todos os dias: a empatia. E achei mágico o fato de que comer algo diferente também é uma forma de exercitá-la. Traduzindo, é algo como “se sou defensor de alguma coisa, é do movimento. O mais longe possível, o máximo que puder, atravessando o oceano ou simplesmente cruzando o rio. Ande no lugar de outra pessoa ou pelo menos coma sua comida. É uma vantagem para todos”.

Obrigada, Mr. Bourdain! Rest in peace ou, como seu colega Alex Atala postou hoje, “rest in power”.

 

 

 

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