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Retrospectiva & Perspectivas

E aí, 23, como foi?

Eu lancei o Lady Óculos Pod em junho, mas já estava acompanhando as notícias e os caminhos do mercado atentamente desde o final do ano anterior. E o legado número 1 de 2023 para o mercado óptico, em caráter global, é a responsabilidade social corporativa, cuja face mais visível é a sustentabilidade.

Feiras começaram a reconhecer a importância do tema e de outros elementos da responsabilidade social corporativa como inclusão, diversidade e governança por meio de premiações. Empresas redesenhando seus modelos de negócios, implantando ações e prestando cada vez mais as contas da responsabilidade social corporativa em relatórios.

E, falando ainda de sustentabilidade, o que era apenas uma tendência surgindo no horizonte lá pelos idos de 2020 de armações e solares feitos de materiais sustentáveis agora está presente na maioria das coleções de óculos. Sem falar nas práticas sustentáveis que várias fábricas passaram a adotar em maiores doses no último ano. Afinal, não dá para esquecer que o mundo vive uma emergência climática que não perdoa ninguém…

Já a inteligência artificial, que bombou no mundo em 2023, operou na óptica como “co-criadora” em uma nova geração de uma marca de lentes progressivas, foi responsável pelas imagens da campanha publicitária de uma das maiores feiras ópticas do mundo e creio que vai ser ainda mais solicitada neste ano que se inicia e nos próximos. Eu já tenho contado com os serviços do ChatGPT no meu dia a dia profissional, tem sido um ótimo assistente.

Entre as tendências, nenhuma foi tão dominante em 2023 como a dos óculos bold. Sim, os modelos de acetato – que eu acho o máximo – antes considerados simplesmente como “pesados” ganharam protagonismo sobre qualquer outra tendência. Mas o melhor de tudo quando a gente fala de tendências é que nos últimos 20 anos a moda tem se tornado cada vez mais democrática. Tendências existem e agradam sim, mas não são mais aprisionadoras. E com a sobreposição do estilo sobre as tendências, hoje em dia há óculos (roupas e acessórios também!) de todos os tipos para todos os estilos.

As lentes para controle da miopia em crianças foram um dos destaques na indústria de lentes no ano que passou. Do primeiro lançamento, em 2021, ao momento atual, todas as grandes corporações de lentes já “aderiram” ao produto e isso indica uma tendência de aquecimento do setor infantil no varejo óptico. Oportunidade para os lojistas: este pode ser o momento de começar ou retomar o investimento em uma oferta de óculos infantis nas lojas.

No universo das marcas independentes, houve aquisições entre elas (Theo comprando Komono, Modo Group comprando Italia Independent, por exemplo) e outras agora integram o panteão das grandes corporações de óptica, como a Barton Perreira, adquirida pela Thélios, e a ic!berlin, pela Marcolin.

Na dança das cadeiras do licenciamento, naturalmente várias grifes e marcas mudaram de casa, isto é, assinaram contratos com novos licenciados e outras renovaram os votos por mais um tanto de anos. Mas o destaque em 2023 fica com a Marcolin, que negociou perpetuamente a licença para produção, criação e distribuição da Tom Ford, garantindo tranquilidade para a operação de uma das marcas mais bem cotadas de seu portfólio. O brilhante criador texano anunciou a saída de sua grife, criada em 2005, após a aquisição da Estée Lauder no final de 2022, que foi concluída em abril do ano passado – a direção criativa ficou a cargo do também norte-americano Peter Hawkings, que trabalhou ao lado de Ford por quase 25 anos, desde os tempos da Gucci.

E 2023 foi um ano especial para os adoradores de óculos no quesito “universo digital”: a nova-iorquina de ascendência turca Altina Schinasi, criadora dos óculos gatinho, virou doodle do Google por conta do seu aniversário de 116 anos, em 4 de agosto. Lá no episódio 6 do Lady Óculos Pod, conto em detalhes a história dessa mulher admirável.

E por falar nas mina, o mercado óptico brasileiro voltou a ter uma mulher à frente da filial brasileira de uma corporação: até então gerente de comunicação e marketing da Safilo, a paulistana Simone Ferraz foi promovida a Country Manager da empresa no Brasil. Esperando mais mulheres em espaços de poder na óptica em 2024, hein!

Como alguém que ama contemplar o espírito do tempo, se tem algo que eu espero todos os meses de dezembro – e acho que muitas pessoas mundo afora também – é a retrospectiva do Spotify. Acho divertido observar minhas preferências no decorrer de cada ano e agora, como podcaster, também tenho direito à retrospectiva do Lady Óculos Pod! Descobri que, além do Brasil, meu podzinho alcançou ouvintes em outros três países e tem nota máxima, 5,0. Obrigada! Estou entre os 10 podcasts para 72 dos meus fãs, entre os 5 podcasts para 60 queridos, e número 1 para 32 amados, uau! É apenas o começo, hein!

Descobrir a palavra do ano do dicionário Oxford também é uma das minhas diversões como amante do zeitgeist. A de 2023 é “rizz”, uma derivação de “charisma” ou “carisma”. A diva pop Taylor Swift quase emplacou o termo do ano com “Swiftie”, a forma que seus fãs-seguidores se definem, mas o palavra que pode ser definida como “estilo, charme ou capacidade de atração” levou a melhor.

Já no Brasil, a coisa foi mais séria. Na oitava edição da pesquisa pela consultoria Cause, focada em ESG, isto é, questões ambientais, sociais e de governança, em parceria com o Instituto Ideia, a palavra do ano, quer dizer, as palavras do ano, foram “mudanças climáticas”.

O termo vencedor foi o mais citado por 37% das 1.557 pessoas de todos os estados do Brasil que participaram do estudo; seguido por “resiliência” (14%) e “conflito” (12%), na segunda e terceira posições.

Pode vir, 2024, pode chegar!

E por falar neste ano que acabou de começar sua vibe é completamente pêssego, ou melhor, Peach Fuzz, a cor de 2024 apontada pelo Pantone Color Institute.

Segundo o próprio instituto, Peach Fuzz captura o desejo de cuidar de si próprio e dos outros. É um tom de pêssego aveludado e suave, cujo espírito acolhedor enriquece a mente, o corpo e a alma. Tem a ver com aconchego, cuidado e gentileza.

Aliás, eu já dei uma fuçada nos lançamentos de 2024 e já vi várias peças inspiradas no Peach Fuzz.

Em uma estratégia lançada exatamente no ano 2000 pela corporação norte-americana, a Pantone tem influenciado a cada ano o desenvolvimento de produtos e as decisões de compra em vários setores, incluindo moda (coleções de óculos também!), decoração e design industrial, além de embalagens de produtos e design gráfico.

A cor do ano é considerada uma representação simbólica das tendências culturais, sociais e psicológicas do momento. Para chegar à seleção, ano após ano, os especialistas em cores do Pantone Color Institute vasculham o mundo em busca de novas influências de cores, que pode incluir a indústria do entretenimento e filmes em produção, coleções de arte em viagem e novos artistas, a moda, todas as áreas do design, famosos destinos de viagens e novos estilos de vida, e novas condições socioeconômicas. As influências também podem estar relacionadas a novas tecnologias, novas matérias-primas, texturas e efeitos que afetam a cor, as mídias sociais e até os próximos eventos esportivos que capturam a atenção mundial.

O Pantone Color Institute é a unidade de negócios da corporação norte-americana Pantone que destaca as principais cores sazonais das passarelas, seleciona a cor Pantone do Ano, prevê tendências globais de cores e assessora empresas em cores para produtos e identidade visual de marcas. Por meio de estudos que preveem tendências sazonais, psicologia e consultoria em cores, o Pantone Color Institute estabelece parceria com marcas globais para alavancar efetivamente o poder, a psicologia e a emoção das cores em suas estratégias de design.

Para este ano que se inicia, creio que a sustentabilidade e todo o fio da responsabilidade social corporativa seguirão se fortalecendo na óptica em caráter mundial. Acho que também teremos mais notícias tanto no universo das marcas independentes quanto no das grandes corporações em 2024. A realidade imposta pela fusão de Essilor e Luxottica no final de 2016, que vem se consolidando no decorrer dos anos desde então, causa, obviamente, um redesenho das forças no mercado. Alguns movimentos ocorrem mais rapidamente, outros demoram mais, mas acho que ainda há, a caminho, fatos decisivos que poderão redesenhar ainda mais o mercado. No final do ano, na próxima retrospectiva, a gente conversa.

As feiras estão vivendo um momento de ascensão, especialmente após o isolamento compulsório da pandemia. Muitos eventos, ao redor do mundo, terão finalmente edições comparadas aos tempos pré-pandêmicos e que até superarão a realidade de outrora. Especialmente nas Américas e na Europa, já que a China não vive um momento econômico tão favorável assim e que já tem refletido nas feiras – um exemplo foi a Hong Kong Optical Fair, que já viveu dias mais vibrantes. A mais recente edição, realizada em novembro, a primeira após a pandemia, recebeu 12 mil visitantes, número inferior a edições anteriores.

Clique nos links abaixo para consultar os conteúdos desta edição:

Final do ano movimenta positivamente o varejo óptico brasileiro

Mido 2024 cresce 11% em visitação

Silmo Istanbul completa 10 anos com edição de sucesso

Abióptica em pleno vapor para a Expo Óptica 2024

Marcas independentes da Europa se unem para preservar o Made in France

Marcolin inaugura showroom na capital francesa

A dança das cadeiras no licenciamento de grifes e marcas no mercado óptico

Safilo rompe com Chiara Ferragni

Marchon reforça o compromisso com a sustentabilidade

Anfao, pela primeira vez, sob direção feminina

EssilorLuxottica mira na tecnologia e estreia na maior feira de eletrônicos do mundo

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